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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

"A Juventude de Jane" / "Becoming Jane"

O único retrato que se conhece de Jane Austen,
feito pela irmã e que se encontra na National Portrait Gallery
A literatura britânica sempre me fascinou, séc XIX sobretudo. Se durante a adolescência as irmãs Bronte exerceram o seu poder apelativo, com “Jane Eyre” e “O Monte dos Vendavais”, após ter visto a adaptação para televisão de “Orgulho e Preconceito”, Jane Austen passou a ser a favorita. Autora apreciada por milhões, em todo o mundo, todas as suas obras já tiveram adaptação ao cinema ou à televisão.



Tudo isto a propósito da passagem a filme da história da sua entrada na idade adulta em “Becoming Jane”. O título em português pode assim induzir em erro, porque é efectivamente a passagem à idade adulta e não a juventude que é retratada e para a época em que a autora vivia esta mudança era muito importante. A sua busca incessante quer pelo amor, quer pela possibilidade de se poder expressar e viver livre numa sociedade em que a mulher tinha uma função meramente decorativa.

Reza a história que foram vários os pretendentes de Miss Jane Austen. Para o bem-estar familiar da época, o ideal seria um casamento em que uma fortuna estivesse envolvida, já que a família Austen tinha uma situação material muito complicada.



Eis que aparece o sobrinho de Lady Gresham (uma Maggie Smith imponente). A proposta de casamento surge, mas ao mesmo tempo nasce a descoberta do amor na pessoa de Mr. Tom Lefroy (James McAvoy, descoberto por muitos em “O Último Rei da Escócia), amigo de um dos irmãos de Jane e parente de uma das famílias ricas da região, mas totalmente dependente de um tio rico, Juiz Langlois (o veterano Ian Richardson), que o sustenta no curso de Direito em Londres, no qual é finalista.


Para o papel de Jane Austen foi escolhida Anne Hathaway ("O Diabo Veste Prada", "Diário de uma Princesa" e “Olho Vivo”), não estando a escolha isenta de polémica, já que mais uma vez uma americana é escolhida para representar o papel de uma inglesa de “gema”. Veja-se a escolha de Renée Zelwegger para “O Diário de Bridget Jones” (filme/livro no qual é feita uma homenagem a Jane Austen, já que uma das personagens principais masculinas se chama Mark Darcy, tal e qual a personagem principal de “Orgulho e Preconceito” e Colin Firth foi aqui, tal como na adaptação televisiva do romance de Austen, o escolhido para dar vida ao personagem).



Embora a proposta de casamento seja aceite, o amor fala mais alto e Jane foge com Mr. Lefroy. Ao descobrir, durante a fuga, a realidade económica da família mais directa do seu apaixonado, totalmente dependentes deste e da mesada que o mesmo tem, dada pelo tio juiz, Jane recua e volta a casa desiludida.

Talvez devido a este grande amor, nunca concretizado, Jane Austen nunca se casou. No entanto, o sucesso das suas novelas torna-a uma mulher rica e famosa. Ao contactar com uma das autoras de sucesso da sua época, Mrs. Radcliffe, fica a saber que a vida familiar e em sociedade duma mulher autora e casada não é nada fácil, já que a não aceitação pela sociedade que os rodeia se estende aos maridos.

Pensarmos no que um James Ivory ou Ang Lee poderiam ter feito com esta biografia ficcionada de Jane Austen!! Julian Jarrold, o realizador, é um daqueles cineastas oriundos da televisão que, depois desta película, decidiu passar ao grande écran aquela que é possivelmente a série mais famosa de sempre da BBC: “Brideshead Revisited”; recorde-se que foi aqui que todos descobrimos a genialidade de Jeremy Irons. Nesta visita a Jane Austen ele executa o seu trabalho bem, mas sem qualquer rasgo de génio ou com aquela subtileza que um filme de época exigia.



Alguns dos secundários são nossos conhecidos: Julie Walters, que faz a mãe de Jane Austen, destacou-se em “A Educação de Rita” e "Billy Elliot", bem como sendo a mãe dos ruivos Weasley em todos os Harry Potter’s, para além de dar uma grande ajuda à “amiga” Meryl Streep em “Mamma Mia”; o pai de Jane, James Cromwell, aparece como o dono inesquecível de “Um Porquinho Chamado Babe”  ou ainda o pai de George Bush no filme "W" de Oliver Stone.

“Becoming Jane” proporciona uma tarde ou serão bem passados, revelando alguns dos segredos de uma das autoras mais lidas no mundo.

Notas:
Realizador: Julian Jarrold / Origem: Inglaterra / Ano: 2007 / Duração: 120 min
Actores: 
Anne Hathaway, James McAvoy, Julie Walters, James Cromwell, Maggie Smith, Ian Richardson.

8 comentários:

  1. Nunca li nada da Jane Austen, shame on me, porque tenho algumas dificuldades em ler livros com cenários mais históricos, vá se lá compreender porquê. Mas tenho visto algumas adaptações para cinema e são realmente filmes muito interessantesbe muito ricos. Um dia aventuro-me nas leituras!

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  2. Muito interessante, acho que proporciona uma tarde de domingo em boa companhia! =)
    Beijinhos

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    1. Obrigada pela visita! Sem dúvida! E depois pode-se sempre complementar com a leitura de um dos seus romances! Bjs

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  3. Nos filmes de época o cinema oriundo das ilhas britânicas continua a ser Rei, embora seja sempre de lamentar a escolha de uma actriz americana para interpretar a figura da mais célebre escritora inglesa. Gostei bastante do filme.
    Boa tarde!

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    1. Obrigada pela visita! Podemos sempre imaginara estrela do Downton Abbey, "Lady Mary Crawley" no papel da Jane Austen! Boa tarde!

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  4. Já vi esse filme. Gostei. Retrata uma época. E também gosto dos romances de Jane Austen.

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