Se, como eu, viveu a adolescência no fim dos anos setenta, princípio dos oitenta, os cafés fizeram parte integrante da sua vida, de certeza absoluta!
Em Algés havia dois em especial, o Caravela e a Tá-Mar. O primeiro para, aos fins-de-semana, ir ver os programas de tops musicais já que em casa, o Edmundo tomava posse de um dos canais de televisão e nada o demovia, por mais que se pedisse, onde havia sempre aquele evento desportivo ou filme que estava primeiro que a música barulhenta (dizia ele) que a filha ouvia.
A Tá-Mar, às tardes de semana, quando as aulas acabavam e nada mais havia a fazer, com discussões animadas sobre os factos da vida e do momento, que hoje já estão esquecidos.
Não me lembro de alguma vez por lá me terem proibído de ler um livro ou o jornal, enquanto esperávamos por alguém ou por algum programa.
Este fim de semana, já neste século do politicamente correcto, num conhecido local de cultura lisboeta, que tem no seu jardim um café/pastelaria/gelataria, encaro com a imagem abaixo, não só nas mesas, mas escarrapachado também nos suportes de guardanapo:
Confesso que foi com algum receio que tirei do saco os livros que levava para emprestar a quem se ia connosco encontrar, não fosse decidirem fazer cumprir escrupulosamente a "proibição".
Será que só o consumo interessa na vida?
Nos cafés do século passado sempre fizémos as duas coisas: consumir e ler!
PN Lima
P.S. Obrigada MR pelo belo marcador!