Os autores deste blogue escrevem de acordo com a antiga ortografia.

quinta-feira, 25 de abril de 2019

Carimbo de uma revolução...


Carimbo de um postal recebido lá por casa, após o 25 de Abril de 1974 (Março de 1975, de parabéns para a minha mãe).

Diz o carimbo: "Um País Novo / MFA / Povo". 

É mesmo o carimbo de uma revolução tranquila, com cravos, sem grandes ondas, mas a que o meu tio tinha direito à seguinte pergunta (feita pelo meu pai) quando nos visitava, vindo de Leiria, entre 74 e 76: "Então, trouxe o passaporte para passar na fronteira de Rio Maior, não?"

A segunda senha, às 00h20 minutos (25/04/1974), 45 anos depois


quarta-feira, 24 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #8

"Clockwork Orange" / "Laranja Mecânica" (1971) de Stanley Kubrick, com Malcom McDowell e Patrick Magee


«O filme foi visto pelo plenário da Comissão que o reprovou por unanimidade.»


"La Classe Operativa Va in Paradiso" / "A Classe Operária Vai para o Paraíso" (1971) de Elio Petri, com Gian Maria Volonté


«Trata-se de um filme com sérias implicações de natureza político-social não sendo de forma alguma conveniente a sua apresentação perante as nossas plateias.»


"Les Mâles" / "Os Machos" (1971) de Gilles Carle, com Donald Pilon e René Blouin


«A vida e os amores de dois contestatários da sociedade de consumo, vivendo na floresta, estão tratados de um modo a tornar o filme escabroso, inconveniente para a juventude e inaceitável para as nossas plateias.»

Nota final: todos os filmes falados nestes posts "O Cinema e a Censura" foram estreados após 25 de Abril de 1974.

terça-feira, 23 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #7

"L'Amica" / "O caminho do Pecado" (1969) de Alberto Lattuada, com Lisa Gastoni e Elsa Martinelli


«A imoralidade do comportamento no filme, todo ele sexo da primeira à última imagem, apesar de já ter sido apresentado com cortes, levou-nos a proibir.»


"Die Bitteren Tränen der Petra von Kant" / "As lágrimas amargas de Petra von Kant" (1972) de Rainer Fassbinder, com Hanna Schygulla e Margit Carstersen


«Filme de grande intensidade dramática que respira desde a primeira à última imagem um clima de sensualidade e erotismo como raramente temos visto. A problemática do amor focada na sua normalidade (casamento) e na sua anormalidade (homossexualidade feminina), tratada em termos de tal forma degradantes que não admitem sequer a hipótese de aprovação.»

sábado, 20 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #6

"Dracula, Prince of Darkness" / "Drácula, Principe das Trevas" (1966), de Terence Fisher, com Christopher Lee e Peter Cushing


«Trata-se de um filme que pretende fazer crer na existência do vampirismo, em que este aparece ligado com a religião. Por isso votamos a sua reprovação.»


"Oh! What a Lovely War" / "Oh! Que delícia de guerra!" (1969), de Richard Attenborough, com Maggie Smith, Dirk Bogarde, John Gielgud, John Mills, Laurence Olivier


«Considero o filme inoportuno. Não parece haver dúvidas de que se trata de um filme contra a guerra.»

sexta-feira, 19 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #5

Mamma Roma (1962), de Pier Paolo Pasolini, com Anna Magnani


«Trata-se de uma história sórdida em ambiente de prostitutas e chulos, feita com excessivo realismo. Não admitimos a importação.»


Une Femme Mariée / Uma Mulher Casada (1964), de Jean Luc Godard, com Macha Meril, Bernard Nöel e Philippe Leroy 


«Quer pelo conteúdo, quer pelo diálogo, quer pelas imagens, este filme não tem nenhuma possibilidade de ser exibido em Portugal. Por isso o reprovo.»

quinta-feira, 18 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #4

"Moderato Cantabile" / "Uma certa mulher" (1960), de Peter Brook, com Jean Paul Belmondo e Jeanne Moreau


«Pela imoralidade gratuita e absurda do comportamento dos dois personagens principais, pela exploração, igualmente absurda e sem justificação do rebaixamento moral do protagonista e pelo tom geral do filme, de um péssimo niilista. Não autorizamos a sua importação

Filme estreado no cinema Quarteto, após 1974, baseado num livro de Marguerite Duras.


"Lolita" (1962), de Stanley Kubrick, com James Mason, Sue Lyon, Shelley Winters e Peter Sellers


«Baseado num livro que foi proibido no nosso país, este filme (de elevadíssima craveira artística e técnica) expõe com realista fealdade a história sórdida de uma excessiva paixão de um homem adulto por uma adolescente. A baixeza do argumento leva-nos a votar pela reprovação.»

quarta-feira, 17 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #3

"Roma Città Aperta" / "Roma Cidade Aberta" (1946), de Roberto Rosselini, com Anna Magnani



«Não é autorizada em qualquer circunstância a exibição deste filme em Portugal


"Bhowani Junction" / "Destinos Cruzados" (1956), de George Cukor, com Ava Gardner e Stewart Granger

"Proíbido «por conter cenas reivindicativas do povo indiano»."

terça-feira, 16 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #2

"La Vie a Deux" / "A Vida a Dois" (1958), de Clément Duhor, com Louis de Funés e Fernandel

 

"Proibido «porque brinca com as coisas mais sérias da vida: o casamento, a santidade do lar e a dignidade dos homens.»."


"Un dia con el diablo" / "Um dia com o diabo" (1945), de Miguel M. Delgado, com Cantinflas


"Proibido «por ofensas à religião»."

segunda-feira, 15 de abril de 2019

O Cinema e a Censura #1

Nos tempos que correm a censura está praticamente esquecida por muitos, mas nestes dias que antecedem um data tão importante como é a do 25 de Abril, em Portugal, que faz 45 anos, o facto de ter existido uma ditadura também parece longe em muitas memórias e para quem nasceu já neste século XXI, parece-lhes impossível haver quem controle e decida o que vêm, o que ouvem ou o que querem ler (ela, a censura, anda por aí, mas com pézinhos de lã).

Será interessante olhar para trás e ver algumas situações ligadas ao cinema, graças ao livro "Cinema e Censura em Portugal" de Lauro António. Quem por aqui passar, pare e pense um "bocadito", digo eu. Podem parecer ridículos hoje em dia alguns dos motivos evocados, mas existiram. Hoje em dia poderão ser evocados outros completamente diferentes...

"Decreto nº 13564, de 6 de Maio de 1927:
(...) Artº 133.º - É rigorosamente interdita a exibição de fitas perniciosas para a educação do povo, de incitamento ao crime, atentatórias da moral e do regime político e social vigorantes e designadamente as que apresentarem cenas em que se contenham:
  • Maus tratos a mulheres
  • Torturas a homens e animais
  • Personagens nuas
  • Bailes lascivos
  • Operações cirúrgicas
  • Execuções capitais
  • Casas de prostituição
  • Assassínios
  • Roubo com arrombamento ou violação de domicílio, em que, pelos pormenores apresentados, se possa avaliar dos meios empregados para cometer tal delito
  • A glorificação do crime por meio de letreiros ou efeitos fotográficos.
(...) "

Um primeiro exemplo é "Paths of Glory" / "Horizontes de Glória" (1957), de Stanley Kubrick, com Kirk Douglas: "aprovado com «pequenos cortes», viria a ser posteriormente reprovado em função de interferências diplomáticas" (certamente francesas - o filme foi também proibido em França, na época).


sábado, 13 de abril de 2019

Sempre na melhor companhia #31

"How little we know" - Lauren Bacall
(Letra e Música: Hoagy Carmichael and Johnny Mercer)
(Filme: "To Have or Have Not" / "Ter ou Não Ter" (1944)- Howard Hawks)

quarta-feira, 10 de abril de 2019

segunda-feira, 8 de abril de 2019

"Paris ma grand'ville" - Roger Grenier (1919-2017)

"Je ne sais pas si je suis un provincial ou un Parisien. Je suis né par hasard en Normandie. Pau et le Béarn où j'ai passé mon enfance et mon adolescence m'ont inspiré une bonne partie de mes livres. Mais ma ville, c'est Paris. J'ai l'impression que les vrais Parisiens sont ceux qui sont nés ailleurs et pour qui vivre à Paris est une conquête. Il me suffit de passer sur un pont de la Seine, et je m'émerveille. Des ciels incomparables! Ce n'est pas un rêve, je suis à Paris!"

Roger Grenier
in "Paris ma grand'ville"
Col. Le sentiment geographique
Ed. Gallimard - pág. 116


sábado, 6 de abril de 2019

Sempre na melhor companhia #30


Frank Sinatra - "Pocketful of Miracles"
(Música: James Van Heusen / Letra: Sammy Cahn)
Dedicado a Frank Capra e ao seu mais que belo filme com o mesmo nome,
com a espantosa Bette Davis
(embora Peter Falk, no filme, seja o meu favorito)

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Mais umas fraldecas...




Feitas para os gémeos mais fofos que há,
 enviadas para a terra das batatas fritas!

Espero que quer o Jason, quer o Ryan as usem nos seus passeios (porque, segundo a mãe Andreia, as fraldas bordadas pela "tia" Paula são consideradas as fraldas "chiques, de passeio). O outro conjunto pode ser visto aqui.

Esquema retirado de uma revista especial de alfabetos para crianças, do "Abecedário de Ponto Cruz".


terça-feira, 2 de abril de 2019

Livro infantil

Comemora-se o dia do livro infantil.
Como não podia deixar de ser, o meu gosto pelos livros vem bem lá de trás, graças a uns pais que tinham a leitura como um dos prazeres da vida.
A Colecção Manecas fez parte de todas as visitas que a minha irmã fez ao dentista, lá por Algés (eu, mais nova, tinha que ir também porque não podia, ainda, ficar sózinha em casa). Sendo o dentista na Rua Damião de Góis (vulgo rua dos eléctricos), passar pela papelaria Cordeiro & Ramos era certinho. E o terror pelo dentista era tanto que o livro era uma tentativa de apaziguar esse sofrimento.
Este eu tenho a certeza de ter lido: