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sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Os cafés onde se podia ler...

Se, como eu, viveu a adolescência no fim dos anos setenta, princípio dos oitenta, os cafés fizeram parte integrante da  sua vida, de certeza absoluta!
Em Algés havia dois em especial, o Caravela e a Tá-Mar. O primeiro para, aos fins-de-semana, ir ver os programas de tops musicais já que em casa, o Edmundo tomava posse de um dos canais de televisão e nada o demovia, por mais que se pedisse, onde  havia sempre aquele evento desportivo ou filme que estava primeiro que a música barulhenta (dizia ele) que a filha ouvia.
A Tá-Mar, às tardes de semana, quando as aulas acabavam e nada mais havia a fazer, com discussões animadas sobre os factos da vida e do momento, que hoje já estão esquecidos.

Não me lembro de alguma vez por lá me terem proibído de ler um livro ou o jornal, enquanto esperávamos por alguém ou por algum programa.

Este fim de semana, já neste século do politicamente correcto, num conhecido local de cultura lisboeta, que tem no seu jardim um café/pastelaria/gelataria, encaro com a imagem abaixo, não só nas mesas, mas escarrapachado também nos suportes de guardanapo:


Confesso que foi com algum receio que tirei do saco os livros que levava para emprestar a quem se ia connosco encontrar, não fosse decidirem fazer cumprir escrupulosamente a "proibição".

Será que só o consumo interessa na vida?

Nos cafés do século passado sempre fizémos as duas coisas: consumir e ler!


PN Lima

P.S. Obrigada MR pelo belo marcador!

4 comentários:

  1. O que serão as «atividades similares»? Intrigante...
    Também eu frequentei muitos cafés, desde a Biarritz (que se finou no ano passado) até à Pastelaria Roma. Esta passou a um McDonalds, mas tem um pequeno balcão de café na entrada e veem-se muitos dos antigos frequentadores na esplanada coberta (marquise) na Av. de Roma. Acho graça quando lá passo.
    Obrigada e bom dia.

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  2. Passei metade da minha vida a estudar e a ler em cafés, nunca ninguém me incomodou, mas ao ver este aviso de proibição sinto-me mesmo incomodado, em tempos vi um aviso do mesmo género no Jardim da Estrela e achei ridículo. Mas como refere a MR, também me interrogo sobre o que serão actividades similares?
    Se o homem que escrevia livros na cabeça da Patricia Highsmith fosse a esse café na Gulbenkian estaria a praticar uma actividade similar proibida?
    Tristes tempos estes!
    Boa tarde!

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  3. Nem é preciso recuar tanto no tempo, também eu nos tempos de faculdade usei os cafés tanto para consumir como para estudar e ler. Hoje, outros interesses se levantam. Mas são eles que ficam a perder... Se lessem mais talvez chegassem a essa conclusão ;)

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