Nos tempos que correm a censura está praticamente esquecida por muitos, mas nestes dias que antecedem um data tão importante como é a do 25 de Abril, em Portugal, que faz 45 anos, o facto de ter existido uma ditadura também parece longe em muitas memórias e para quem nasceu já neste século XXI, parece-lhes impossível haver quem controle e decida o que vêm, o que ouvem ou o que querem ler (ela, a censura, anda por aí, mas com pézinhos de lã).
Será interessante olhar para trás e ver algumas situações ligadas ao cinema, graças ao livro "Cinema e Censura em Portugal" de Lauro António. Quem por aqui passar, pare e pense um "bocadito", digo eu. Podem parecer ridículos hoje em dia alguns dos motivos evocados, mas existiram. Hoje em dia poderão ser evocados outros completamente diferentes...
"Decreto nº 13564, de 6 de Maio de 1927:
(...) Artº 133.º - É rigorosamente interdita a exibição de fitas perniciosas para a educação do povo, de incitamento ao crime, atentatórias da moral e do regime político e social vigorantes e designadamente as que apresentarem cenas em que se contenham:
- Maus tratos a mulheres
- Torturas a homens e animais
- Personagens nuas
- Bailes lascivos
- Operações cirúrgicas
- Execuções capitais
- Casas de prostituição
- Assassínios
- Roubo com arrombamento ou violação de domicílio, em que, pelos pormenores apresentados, se possa avaliar dos meios empregados para cometer tal delito
- A glorificação do crime por meio de letreiros ou efeitos fotográficos.
Um primeiro exemplo é "Paths of Glory" / "Horizontes de Glória" (1957), de Stanley Kubrick, com Kirk Douglas: "aprovado com «pequenos cortes», viria a ser posteriormente reprovado em função de interferências diplomáticas" (certamente francesas - o filme foi também proibido em França, na época).
A censura no cinema em Portugal durou décadas e por vezes era verdadeiramente anedótica, como nos mostra este livro sobre ela organizado por Lauro António, mas foi em outros países europeus ela também fez, infelizmente, escutar o ruído da sua tesoura nos fotogramas.
ResponderEliminarBoa semana!
Estendeu-se a todas as áreas culturais e em toda a Europa!
EliminarBom dia
Este livro é interessantíssimo.
ResponderEliminarTambém na censura à imprensa notícias sobre os itens referidos eram cortadas, o que explica porque não havia tantas notícias de assassinatos, violência, roubos, etc. Para além da degradação a que chegaram certos órgãos de informação.
Boa noite!